John Mayer

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John Mayer - Born And Rised

Rolling Stone: John Mayer – Born and Raised por Jon Dolan

Sempre existiu dois John Mayers. Existe John o músico, o novo-James Taylor que escreveu “Daughters” e “No Such Thing” e o onívoro guitarrista de blues que pode dar suporte ao Jay-Z ou fazer um cover de “Sweet Child o’ Mine”. E então existe John, o cara, que dá muita informação sobre a sua vida pessoal ao TMZ, deixa um rastro de ex-namoradas famosas e promove o seu “membro”, supostamente racista, em uma entrevista desastrosa da Playboy em 2010. Usualmente, Mayer separa meticulosamente a sua música de sua persona pública. Mas no seu quinto álbum, ele força as duas no mesmo lugar e exige que elas se entendam.
Mayer é confessional e um pouco arrependido em Born & Raised, às vezes de uma forma bem inspiradora. “It sucks to be honest, and it hurts to be real,” ele canta em “Shadow Days” a respeito de ter sido queimado pelo seu mau comportamento. Mayer que há uns anos atrás largou o Twitter, viu seus pais se divorciarem e se mudou para uma casa em Montana, diz querer que Born & Raised evoque nas pessoas o sentimento de um cowboy tranquilo sentado em um campo aberto tocando seu violão perto de uma fogueira. E o CD faz isso, assumindo que a fogueira foi feita com antigos discos de Crosby, Still, Nash & Young e Allman Brothers (David Crosby e Graham Nash até fazem as harmonias na música “Born & Raised”, que fala sobre um auto-reconhecimento recente e duramente conquistado). “Queen of California”, define o prazeroso tom introspectivo do álbum: “Looking for the song that Neil Young hummed after the Gold Rush in 1971”, ele canta.
O CD “After the Gold Rush” foi lançado em 1970, mas você entende o que ele quis dizer: esse é um disco sobre como é difícil conviver com si mesmo, quando se é velho o suficiente para pagar por seus erros, mas jovem o suficiente para continuar errando. “Whisky, Whisky, Whisky” é uma música country-californiana sobre os problemas de se beber por prazer; o gentil desenvolver de “Speak For Me” lamenta que o rock não produz mais heróis como antigamente: “Now the cover of a Rolling Stone, ain’t the cover of a Rolling Stone,” ele observa.
A mudança de estilo e o tom de confidência fazem com que estas sejam as músicas mais convincentes de sua carreira. Ele gravou grande parte do disco com o produtor Don Was antes de sua cirurgia nas cordas vocais no ano passado, então a sua voz aveludada tem um tom um pouco rouco, mais vulnerável. Como sempre, sua guitarra é contida e elegante.
É claro que este não seria um CD do John Mayer sem uma balada arrebatadora que tenta unir o espírito de uma época em uma música. O jorro orquestral de “Age of Worry” nos aconselha – e acreditamos que ao John também – a fazer paz consigo mesmo. Mas a música que fala mais fundo à alma é “Love is a Verb”, uma música lenta parecida com “Wonderful Tonight” que irá arrebatar a temporada de casamentos na primavera, como uma estrela cadente de Soft Rock. “When you show me Love / I don’t need your words,” ele canta com um piscar de olhos carinhoso, deixando pouco espaço para nós adivinharmos qual é o melhor verbo para substituir o verbo falar. É um momento onde os dois Johns se encontram – um pouco sensível, um pouco infame. Uma mão no coração dele e a outra na sua coxa, pronto para ir até o final como só ele pode.


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